VINHO

 

Embriaguei-me com o vinho do desejo,

As escamas do vicio me cegaram,

Embora tenha surto de racionalidade.

 

Insisto em colocar a mão no fogo,

Como se não queimasse,

Como se não houvesse consequência.

 

Insisto em beber do cálice da tentação,

Insisto em deixar seduzir-me pelo que oferece a mente.

 

O desejo esta em mim. Vive, coabita comigo.

Vencê-lo é tarefa árdua uma vez que orquestra auxiliado

Pela imaginação uma realidade idealizada, maravilhosa,

Fantasias inefáveis, um sonho cálido.

 

Uma vez que pinta um mundo perfeito, onde não há mácula,

Pecado, erros, e, ainda nos oferece força para executarmos sem receio,

Não importando se alguém vai ser ferido - a única finalidade é a satisfação.

 

É difícil rejeitar o cálice do desejo, recusar o vinho do pensamento.

A batalha é dura, pois o inimigo dorme conosco, habita na cabeça.

É difícil rejeitar as imagens, o filme, os porquês, os devaneios,

É difícil desprezar toda produção orquestrada pelo desejo

E apresentada no palco da mente. É difícil!

 

Mas mesmo sendo difícil, aprendi na péli, por isso afirmo!

Uma coisa é certa. Domine-se, pois o desejo sempre estará dentro de ti,

A imaginação sempre construirá devaneios, sempre montará um mundo ilusório,

Uma realidade alternativa cujo objetivo é torná-lo escravo.

 

Agora, cabe a você ser escravo ou Senhor.

 

Dominar a si mesmo não significa que estará livre das tentações, dos desejos.

Significa que embora tenhamos vontades,

Embora sejamos tentados pelos nossos interesses não vamos ceder,

Não vamos nos render diante do que grita o pensamento.

 

 

METADE

 

 

Compreender-me é desvendar um mistério cujo sentido nem eu mesmo sei,

Embora entenda que estou preso á noite, afugentado á madrugada.

 

Sobre mim a única certeza é que sou incompleto, um texto inacabado. Pior não sei achar minha totalidade, não sei trazer ao meu pedaço a parte pra me completar.

 

Não sou um paradoxo, antes fosse.

Minha angustia não é a procura de entender o contraste, se desta maneira ocorresse um fato era certo, a certeza de quem sou.

 

Não sou antítese, sou metade. Sou uma busca constante. Busco entender de qual metade faço parte, qual metade me encaixa.

DE REPENTE

 

De repente...

 

Encontrei-te e te perdi,

Tive-te e não aproveitei

 

Não te beijei...

 

Não sentir teu cheiro,

Não provei teus beijos,

Não toquei teu corpo,

Não sentir teu toque.

 

Entrar-te na minha vida e saiu tão

De repente quanto entrou...

 

E juntos não fomos ao shopping,

E juntos não fomos ao cinema,

 

Tampouco de mãos dadas passeamos pela praça,

Tampouco visitamos o cás.

 

Não sei o gosto de teus beijos,

Não sei o sabor de tua boca,

Não sei qual perfume você usa,

 

Não deu tempo nem para brigarmos,

Tampouco sentir a alegria da reconciliação

 

-É tão boa a reconciliação depois da briga.

 

O que permanece é a saudade,

O que me resta é o amargo na boca,

É a solidão que esquenta o meu coração na madrugada fria.

 

Sei que te encontrei e te perdi

Na mesma intensidade que entrou na minha vida, partiu.

 

Agora,

 

O que me resta é a lembrança do que não tive,

A fantasia que não vivi,

Um mundo ao teu lado que não gozei.